A trombose venosa profunda acontece quando há a formação de um coágulo, chamado trombo, em uma veia profunda do corpo, geralmente nos membros inferiores – região da virilha, coxa ou parte inferior da perna. Esse coágulo atrapalha a circulação do sangue no vaso sanguíneo e pode causar complicações graves, como a embolia pulmonar. Outro fato que tem preocupado médicos e pacientes acerca da trombose é o alto número de casos da doença em pacientes hospitalizados com Covid-19.
O Dr. Sérgio Ricardo Abrão, médico cirurgião vascular do Grupo Leforte, tirou as dúvidas mais comuns sobre a trombose venosa profunda e nos explicou a relação entre trombose e Covid-19. Saiba o que fazer para se prevenir!
O que a trombose pode causar e quais as complicações caso ela não seja tratada adequadamente?
DR. SÉRGIO ABRÃO – A trombose pode causar dor e inchaço nos membros inferiores, que é a região mais comum de acometimento. As complicações estão enquadradas da Síndrome Pós-Trombótica, que são um conjunto de sinais e sintomas decorrentes da trombose venosa profunda. Os mais comuns são a sensação de perna pesada e cansada ao final do dia, podendo evoluir para a dermatite ocre, que é uma coloração acastanhada e escurecida da pele na região acometida.
A complicação mais grave decorrente da trombose é a embolia pulmonar, que acontece quando o trombo se desprende do local de origem e migra até o pulmão, causando a obstrução da artéria pulmonar. Esse é um quadro grave, que pode levar à morte.
Quais as pessoas mais propensas a desenvolver trombose? Existem fatores de risco que podem ser evitados?
DR. SÉRGIO ABRÃO – Existem pessoas mais propensas a desenvolver trombose, que são aquelas portadoras de trombofilia. Isso se deve a alguns fatores, como a deficiência de certas proteínas – por exemplo a proteína C, proteína S, fator V de Leiden – e algumas mutações, por exemplo a mutação no gene da protrombina.
Existem outros fatores de risco que podem aumentar as chances de ocorrer trombose, que são: idade acima de 60 anos; presença de doenças crônicas – como obesidade, doenças cardiovasculares, pulmonares e câncer; aumento do hormônio estrogênio, que pode ocorrer por terapia de reposição hormonal, uso de anticoncepcionais e gravidez; mobilidade reduzida, como em viagens longas e em pacientes acamados; tabagismo; lesões graves de veias em acidentes ou cirurgias grandes.
Quais sinais e sintomas devem ser considerados um alerta para trombose e/ou complicações decorrentes?
DR. SÉRGIO ABRÃO – Nem sempre a trombose causa sinais e sintomas, mas os mais comuns são dor e edema (inchaço) nos membros inferiores. Já a embolia pulmonar, complicação grave da trombose, pode causar dificuldade para respirar, dor ou desconforto no peito, tosse com ou sem sangue, tontura e desmaio.
Uma pessoa que já desenvolveu trombose ou possui risco pode ter uma vida normal? Quais cuidados ela deve tomar no cotidiano?
DR. SÉRGIO ABRÃO – Sim, a pessoa que já teve trombose pode levar uma vida normal, porém deve tomar alguns cuidados especiais. É importante usar meia elástica de média ou alta compressão e seguir o tratamento com medicamentos anticoagulantes, para evitar a formação de novos trombos, pelo tempo determinado pelo médico.
A trombose acomete cerca de um terço dos pacientes com Covid-19 internados em UTI. Qual a relação entre a trombose e a Covid-19?
DR. SÉRGIO ABRÃO – A Covid-19 é considerada também uma doença vascular. Ela causa vasculite, que é a inflamação dos vasos sanguíneos, e pode evoluir para trombose. Não se sabe a causa, mas essas anormalidades na coagulação explicam a alta incidência de trombose nos pacientes com Covid-19.
Existe alguma profilaxia de prevenção à trombose para pessoas que tiveram Covid-19? Quem deve ficar atento à doença?
DR. SÉRGIO ABRÃO – Os pacientes hospitalizados com Covid-19 tomam anticoagulantes durante a internação. Já no período pós-infecção, os pacientes que devem ficar mais atentos e fazer a profilaxia para trombose são os trombofílicos, pessoas que já tiveram algum episódio de trombose venosa profunda ou que tenham alguma doença de base que aumente os riscos de desenvolvimento de colágulos.
O Dr. Sérgio Ricardo Abrão é cirurgião vascular do Grupo Leforte. Possui formação em medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro e é especialista em Cirurgia Vascular, Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular e Ecografia Vascular com Doppler. É membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e membro coligado do Colégio Brasileiro de Radiologia. Atende na Clínica e Diagnósticos Leforte Morumbi.
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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.