Para muitos pacientes, um dos maiores desafios do diabetes está em reconhecer a gravidade da doença e incorporar de forma definitiva as mudanças de hábito necessárias para o sucesso do tratamento. “Não é raro quem deixa de fazer uma alimentação adequada e até esquece dos medicamentos depois de alguns meses de tratamento”, comenta o coordenador do Núcleo de Endocrinologia das unidades Liberdade e Morumbi do Grupo Leforte, Dr. Paulo Rizzo.
Ao deixar o tratamento, mesmo que temporariamente e em situações mais brandas da doença, o paciente pode sofrer consequências preocupantes. “A doença pode evoluir, causando complicações que precisarão ser tratadas e nem sempre podem ser totalmente revertidas”, alerta o especialista. Com o tempo, pode haver comprometimento dos rins, má circulação sanguínea, que gera formigamentos e perda de sensibilidade nas extremidades, ressecamento da pele, calos e feridas, danos à retina e outros problemas.
Apesar das campanhas de saúde e dos esforços dos médicos, ainda há muito desconhecimento entre os pacientes. O Dr. Rizzo reforça que é preciso haver o entendimento de que diabetes é uma doença crônica. “O paciente controla, mas não cura, então não pode abandonar o tratamento”, afirma ele.
Reeducação alimentar e exercícios regulares são fundamentais. Ambos melhoram a saúde global do paciente e podem ser incorporadas com facilidade, desde que haja o comprometimento em seguir esses novos hábitos. “Além disso, o acompanhamento da doença requer exames regulares, pois muitas complicações não apresentam sintomas em suas fases iniciais”, alerta o especialista. A periodicidade dos exames varia de acordo com o caso e a complicação investigada. Alguns são anuais, enquanto outros podem precisar ser refeitos trimestralmente.
Tipos de diabetes
Existem dois tipos de diabetes, o tipo I e II, além do gestacional, que pode acometer mulheres durante a gestação. O tipo I atinge cerca de 10% dos 13 milhões de diabéticos do país. Ele está ligado a questões genéticas, sendo diagnosticado comumente na infância e na adolescência. O tipo II tem relação com excesso de peso e má alimentação.
O diabetes se caracteriza pela falta de insulina, hormônio produzido pelo pâncreas e responsável pela metabolização da glicose (açúcar), ou pela dificuldade do organismo em utilizar adequadamente a insulina. Como resultado, o corpo do paciente passa a ter taxas elevadas de glicose no sangue, o que prejudica o funcionamento de diversos órgãos e pode ser fatal.
Antes do diagnóstico, é possível identificar uma condição prévia ao diabetes, o pré-diabetes. Nesse estágio, o quadro clínico é reversível em 50% dos casos. A outra metade dos pacientes também pode se beneficiar do tratamento médico, retardando a evolução para o diabetes e suas eventuais complicações. Obesidade, hipertensão e alterações nos lipídios são fatores de risco, assim como concentração de gordura visceral, aquela em torno do abdome.
Ao menos um check-up anual, com exames endocrinológicos, é indicado a pessoas saudáveis. Além do diabetes e do pré-diabetes, diversas outras doenças silenciosas podem ser detectadas com exames simples, como esteatose hepática (gordura no fígado) e alterações nos índices de colesterol e triglicerídeos.
Dr. Paulo Rizzo é coordenador do Núcleo de Endocrinologia das unidades Leforte Liberdade e Morumbi e atende as quintas-feiras (também por telemedicina) na Clínica e Diagnósticos Leforte Morumbi, localizada na Rua Três Irmãos, 62. Morumbi. Agende (11) 3345-2288.