Medidas de prevenção são as mesmas utilizadas para evitar o vírus que causa a gripe
A notícia de um novo vírus infectando pessoas sempre é motivo de estresse. A informação se espalha rapidamente e, com ela, muita desinformação também. No Brasil, foram anunciados alguns casos suspeitos de coronavírus, o microrganismo que assusta a China e preocupa a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas, até o momento, nenhum brasileiro foi confirmado com a doença.
A médica infectologista Emy Gouveia, do Controle de Infecção do Hospital Leforte, explica que se enquadram como “suspeitos” indivíduos que apresentem febre e sintomas que indiquem problema respiratório, como tosse e dificuldade para respirar; e que nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas tenha estado em área de ocorrência da doença ou contato próximo com pessoas comprovadamente portadoras do vírus.
“É preciso cautela, mas não há razão para pânico”, esclarece. Compartilha da mesma opinião o médico Ivan Marinho, também infectologista do Leforte. “Por enquanto, o vírus ainda não está circulando no país”, assegura. Segundo ele, as autoridades sanitárias brasileiras estão atentas a toda e qualquer pessoa que chegue de lugares considerados de risco.
“O Ministério da Saúde, em contato diário com a OMS, está bem preparado para monitorar casos suspeitos,” afirma Marinho. Em janeiro, assim que o novo tipo de coronavírus foi identificado, em uma cepa isolada na cidade chinesa de Wuhan, o Ministério da Saúde ativou ou Comitê de Operações de Emergência (COE), a fim de preparar os profissionais de saúde para atender possíveis casos.
Grupo Leforte esclarece sobre sintomas e prevenção do coronavírus
Emy Gouveia afirma que no Grupo Leforte o público leigo está sendo devidamente alertado para os sintomas e os riscos. Foram colocados cartazes explicativos sobre a necessidade de uso de máscaras cirúrgicas nas recepções das unidades. Ainda não há um exame de detecção do vírus nos laboratórios do país, justamente pelo fato de ele ser novo.
“Quem está apto a confirmar em São Paulo é o Instituto Adolfo Lutz. Os hospitais encaminham uma amostra de secreções respiratórias para detectar o vírus para lá, que, em alguns dias, confirma ou descarta o coronavírus”, explica.
Coleta de material para análise
Segundo o ministério, além do Adolfo Lutz, o diagnóstico laboratorial específico para a doença, que inclui técnicas de detecção do genoma viral, também é feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz, no Rio) e pelo Instituto Evandro Chagas (IEC, no Pará).
Os casos suspeitos, os prováveis e, obviamente, os confirmados devem ser notificados de forma imediata ao Ministério da Saúde. A partir daí são instituídas medidas de precaução conforme protocolo institucional.
Profissionais de saúde, pelo risco que correm, devem proceder como em qualquer outra infecção, atendendo os doentes devidamente paramentados (com máscara, luvas e avental próprios para essas situações).
De forma geral, segundo Emy, a população não precisa utilizar máscaras. “Vemos isso na tevê, especialmente na Ásia, mas trata-se de um hábito muito arraigado por lá. A precaução é mais para não infectar os outros, quando se está com alguma doença respiratória, e, claro, em tempos de epidemia, para não se infectar também”.
Mas Emy não vê sentido nessa medida agora no Brasil, pois não há casos confirmados como há na China,
As medidas preventivas mais eficazes continuam sendo as mesmas para evitar qualquer doença contagiosa: ter bons hábitos de higiene, o que significa lavar sempre as mãos ao chegar da rua, ao manusear alimentos, ao ter contato com alguém doente.
Ela afirma que essa cepa de coronavírus parece ter uma letalidade baixa. “O número de infectados é alto (milhares), mas a proporção dos que morrem em consequência do vírus não é tão grande, está em menos de duas centenas por enquanto”. Este cenário pode sofrer mudanças.
A preocupação é com a forma de contaminação, ainda não muito clara. Na China, suspeita-se que o vírus tenha sido contraído em alimentos comercializados em um mercado na cidade de Wuhan.
“Trata-se de um vírus novo, isso é o que deixa o mundo em alerta, pois o ser humano ainda não desenvolveu imunidade contra ele”, pontua a médica. O desafio, de acordo com Marinho, é com a prevenção secundária, caso o vírus seja identificado no Brasil. “Isso significa evitar que o coronavírus contamine outras pessoas”.
Pessoas vulneráveis são as que exigem mais atenção
Como em toda doença respiratória, idosos, crianças, pessoas que têm diabetes, doenças no coração, gestantes ou quem apresenta imunidade baixa são as mais suscetíveis a sofrer complicações pelo coronavírus.
Existem aqueles que, mesmo contaminados, ficam assintomáticos, ou podem ter apenas uma reação leve, mas mesmo assim podem transmitir o vírus.
“Essa é uma preocupação a mais, por isso mesmo quem vem de áreas de risco ou tem contato com doentes precisa ser melhor acompanhado”, diz Marinho.
Tratamento do coronavírus consiste em suporte atualmente
Para esse vírus, ainda não há medicação específica. Então o tratamento consiste em dar suporte ao paciente para que seu organismo responda positivamente e consiga debelar o vírus. “Se a doença se manifestou de forma leve, a pessoa deve se manter de repouso, bem hidratada e alimentada. Se tiver sofrimento respiratório deve procurar logo o serviço de saúde, para receber atendimento”, esclarece Emy.
Uma vez contaminada e curada, a pessoa adquire imunidade para o coronavírus. Mas como qualquer vírus ele pode sofrer mutação. Por essa razão, há novo risco de contaminação por essa cepa diferente.
Estão sendo feitos estudos para o desenvolvimento de uma vacina, afirma a especialista.
Sintomas do coronavírus
– Febre
– Tosse
– Falta de ar
Emy alerta que o paciente só deve procurar o serviço de saúde se estiver de fato com esses sintomas.
“Se os sintomas forem leves e não exigirem atendimento médico, se a pessoa está bem, não deve ir para o hospital se consultar, pois entrará em contato com outros doentes e o risco pode aumentar”, esclarece.
Transmissão diminui se todo mundo fizer sua parte
- Lave bem as mãos com álcool gel ou água e sabão, especialmente ao chegar da rua, ao manipular alimentos e após utilizar o vaso sanitário;
- Evite tossir ou espirrar na frente dos outros. Proteja o rosto com lenço de papel descartável e jogue-o logo fora;
- Ao ter contato com alguém suspeito de contaminação, evite dar a mão ou tocar. Caso tenha proximidade com a pessoa, lave sempre as mãos e o rosto após o contato;
- Evite colocar as mãos nas mucosas da boca, nariz e olhos, pois são portas de contaminação;
- Para se prevenir, alimente-se bem, durma o necessário, tenha bons hábitos de saúde.
Higienizar as mãos com frequência é essencial.
Vírus foram identificados em 1960
O coronavírus apareceu na China e já infectou milhares de pessoas nos remete a outros episódios semelhantes, como o surto de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), relacionado a outro tipo de coronavírus. O Sars também surgiu na China, em 2002.
Pertence à mesma família o vírus Mers, sigla em inglês para Síndrome Respiratória do Oriente Médio, detectado em 2012. Os coronavírus formam uma grande família de vírus e foram identificados pela primeira vez em 1960, infectando pessoas e animais.
Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.