Oncologia

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Tratamentos para o câncer de próstata: um guia sobre as opções

Conheça as opções de tratamento para o câncer de próstata, da vigilância ativa à cirurgia robótica e radioterapia. Entenda como a decisão é feita.
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Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 19/12/2025

Entenda as principais abordagens, desde a vigilância ativa até cirurgias avançadas, e saiba como a escolha do tratamento é feita.

Receber o diagnóstico de câncer de próstata pode ser um momento de grande incerteza. De repente, termos como "estadiamento", "Gleason" e "PSA" entram no vocabulário, e a principal pergunta que surge é: "E agora, qual o tratamento?". Felizmente, a medicina oncológica avançou muito, oferecendo um leque de opções eficazes e cada vez mais personalizadas.

A definição do caminho a ser seguido não é uma fórmula única. Pelo contrário, ela se assemelha a um plano estratégico traçado por uma equipe multidisciplinar, que considera as características do tumor e, principalmente, as condições e expectativas de cada paciente. O objetivo é sempre o mesmo: controlar a doença, preservar a qualidade de vida e, quando possível, alcançar a cura.

Quais são os principais tratamentos para o câncer de próstata?

A abordagem terapêutica para o câncer de próstata varia conforme o risco e o estadiamento da doença, ou seja, se ela está restrita à glândula (localizada), se atingiu tecidos próximos (localmente avançada) ou se espalhou para outras partes do corpo (metastática). Abaixo, detalhamos as modalidades mais consolidadas.

Vigilância ativa: quando observar é a melhor ação?

Pode parecer contraintuitivo, mas nem todo câncer de próstata precisa de tratamento imediato. Para tumores de baixo risco, muito pequenos e pouco agressivos, a vigilância ativa é uma estratégia segura e amplamente recomendada. Ela consiste em um monitoramento rigoroso da doença com exames de PSA, toque retal e biópsias periódicas.

O tratamento ativo só é iniciado se houver sinais de progressão do tumor. Essa abordagem evita os potenciais efeitos colaterais de procedimentos mais invasivos, como a incontinência urinária e a disfunção erétil, sem comprometer as chances de cura.

Cirurgia (prostatectomia radical): a remoção da próstata

A prostatectomia radical é a remoção cirúrgica de toda a glândula prostática, vesículas seminais e, em alguns casos, dos gânglios linfáticos próximos. É um dos tratamentos mais comuns para o câncer localizado com intenção curativa. 

Existem diferentes técnicas para realizar o procedimento:

  • Cirurgia aberta: a forma tradicional, realizada por meio de uma incisão na parte inferior do abdômen.

  • Cirurgia laparoscópica e robótica: são técnicas minimamente invasivas. Na cirurgia robótica, o cirurgião comanda braços robóticos de alta precisão por meio de um console, o que permite uma visão ampliada e movimentos mais delicados. Isso geralmente resulta em menos dor, menor sangramento e uma recuperação mais rápida.

Radioterapia: usando radiação para destruir o tumor

A radioterapia utiliza feixes de alta energia para destruir as células cancerígenas e impedir que elas se multipliquem. Assim como a cirurgia, é uma opção eficaz para o tratamento do câncer de próstata localizado e também pode ser usada para aliviar sintomas em casos avançados.

Para pacientes com câncer de próstata localizado de alto risco, as diretrizes atuais recomendam a radioterapia combinada com a Terapia de Privação Androgênica (ADT). A essa combinação, a adição de abiraterona por dois anos também tem sido indicada para potencializar os resultados. As principais formas são:

  • Radioterapia externa: a radiação é emitida por uma máquina que se move ao redor do paciente. O tratamento é dividido em sessões diárias, geralmente por várias semanas.

  • Braquiterapia: também chamada de radioterapia interna, envolve a implantação de pequenas "sementes" radioativas diretamente na próstata. Essas sementes liberam radiação de forma controlada por um período, tratando o tumor de dentro para fora.

Terapia hormonal: bloqueando o combustível do tumor

O câncer de próstata frequentemente depende de hormônios masculinos, como a testosterona, para crescer. A terapia hormonal, também conhecida como terapia de privação androgênica (ADT), visa reduzir os níveis desses hormônios no corpo ou impedir que eles cheguem às células cancerígenas.

Este tratamento é fundamental para tumores avançados ou metastáticos. Contudo, também pode ser utilizado em combinação com a radioterapia para tumores localizados de maior risco, a fim de aumentar a eficácia do tratamento. 

Apesar de sua importância, a terapia de privação de andrógenos (ADT), que é um pilar no tratamento do câncer de próstata avançado, pode falhar em alguns pacientes. Isso ocorre porque o tumor pode desenvolver resistência à castração (CRPC), tornando-se independente dos hormônios masculinos. Nesses casos de resistência, foi observado que os níveis da enzima GALNT7 permanecem elevados, sugerindo que ela pode ser um indicador da progressão da doença.

Quimioterapia: para casos avançados ou metastáticos

A quimioterapia utiliza medicamentos que destroem células de rápido crescimento em todo o corpo. Geralmente, não é o tratamento de primeira linha para o câncer de próstata localizado. Seu uso é mais comum quando o câncer já se espalhou para outros órgãos (metástase) e não responde mais à terapia hormonal.

Existem tratamentos mais novos ou alternativos?

A pesquisa oncológica está em constante evolução, buscando abordagens mais eficazes e com menos impacto na qualidade de vida. O foco das pesquisas mais recentes sobre câncer de próstata é o desenvolvimento de novas terapias-alvo e a medicina de precisão, visando tratamentos que prolonguem a vida dos pacientes.

Terapias focais

Indicadas para casos selecionados de tumores localizados, as terapias focais visam destruir apenas a área doente da próstata, preservando o tecido saudável ao redor. Entre as técnicas estão:

  • HIFU (Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade): usa ondas de ultrassom para aquecer e destruir as células tumorais.

  • Crioterapia: utiliza agulhas finas para congelar e destruir o tecido cancerígeno.

Terapia-alvo e imunoterapia

Para pacientes com câncer de próstata avançado que possuem mutações genéticas específicas, a terapia-alvo pode ser uma opção. Medicamentos como os inibidores de PARP atuam diretamente nessas alterações moleculares das células tumorais. A imunoterapia, que estimula o próprio sistema imunológico do paciente a atacar o câncer, também tem mostrado resultados promissores em alguns casos.

O futuro do tratamento para o câncer de próstata está focado em abordagens avançadas, como a imunoterapia e outras terapias direcionadas, especialmente para pacientes em estágios avançados (como o câncer de próstata metastático resistente à castração – mCRPC) ou que desenvolveram resistência aos tratamentos hormonais tradicionais. Uma opção inovadora em estudo é a terapia com radionucleotídeos (RNT) direcionada ao antígeno PSMA, que permite atingir as células cancerosas de forma mais precisa.

Como a decisão sobre o melhor tratamento é tomada?

A escolha do tratamento ideal é uma decisão complexa, tomada pelo paciente em conjunto com a equipe médica, que pode incluir urologista, oncologista e radioterapeuta. 

Diversos fatores são ponderados para chegar à melhor recomendação:

  • Estágio e agressividade: O tamanho do tumor, a pontuação de Gleason (que mede a agressividade) e o nível de PSA são cruciais.

  • Idade e expectativa de vida: Tratamentos mais agressivos podem não ser indicados para pacientes mais idosos ou com outras doenças graves.

  • Saúde geral do paciente: Condições pré-existentes, como problemas cardíacos ou pulmonares, influenciam a elegibilidade para cirurgia, por exemplo.

  • Preferências do paciente: A discussão sobre os potenciais efeitos colaterais de cada opção é fundamental para que o paciente participe ativamente da decisão.

Com base nessas informações, a equipe médica apresenta as opções mais adequadas, explicando os benefícios e os riscos de cada uma. O diálogo aberto e honesto é a chave para um plano de tratamento bem-sucedido e alinhado às expectativas do paciente.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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