
Mudanças na urina, inchaço e cansaço persistente podem ser mais do que desconfortos. Saiba quando é hora de procurar um médico.
Você tira os sapatos ao fim do dia e nota uma marca funda da meia no tornozelo, um inchaço que não estava ali antes. Ou talvez sinta um cansaço que não passa, mesmo após uma boa noite de sono. Esses sinais, muitas vezes ignorados, podem ser os primeiros alertas que seu corpo envia sobre a saúde dos seus rins.
Os rins são órgãos vitais que filtram toxinas do sangue, regulam a pressão arterial e equilibram os fluidos do corpo. Quando eles não funcionam bem, todo o organismo sente o impacto. O grande desafio é que a doença renal costuma ser silenciosa em seus estágios iniciais, e algumas pessoas podem até mesmo não apresentar sintomas significativos em estágios avançados, percebendo a gravidade da condição apenas quando o tratamento, como a diálise, se torna necessário.
Quais são os primeiros sinais de um problema nos rins?
Os sintomas iniciais de problemas renais são geralmente sutis e podem ser confundidos com outras condições. No entanto, a atenção a pequenas mudanças no corpo é fundamental para um diagnóstico precoce. Os sinais mais comuns envolvem alterações urinárias e sistêmicas.
Alterações na urina: a primeira pista
Como os rins são responsáveis pela produção de urina, qualquer alteração nesse processo serve de alerta.
Fique atento a:
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Vontade de urinar com mais frequência: especialmente durante a noite (noctúria).
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Diminuição do volume de urina: urinar em menor quantidade que o habitual.
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Urina com espuma ou bolhas: pode indicar a perda de proteína, um sinal de que a filtragem renal está comprometida.
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Mudança na coloração: urina mais escura (cor de chá ou avermelhada) pode sinalizar a presença de sangue.
Inchaço (edema) que não desaparece
Quando os rins não conseguem eliminar o excesso de sódio e líquidos do corpo, ocorre o acúmulo em certas regiões. Esse inchaço, conhecido como edema, é mais comum nos pés, tornozelos, pernas e ao redor dos olhos pela manhã. A retenção hídrica também pode levar ao aumento de peso inexplicado.
Cansaço e fraqueza persistentes
Rins saudáveis produzem um hormônio chamado eritropoetina, que estimula a medula óssea a produzir glóbulos vermelhos. Quando os rins falham, a produção desse hormônio diminui, resultando em anemia. A anemia renal causa fadiga, fraqueza, palidez e dificuldade de concentração. O cansaço é um dos sintomas uremicos comuns.
Onde dói quando o rim está com problemas?
A dor nos rins é tipicamente sentida na região lombar, logo abaixo das costelas, e geralmente em apenas um lado. Diferente da dor muscular, ela costuma ser mais profunda e não melhora ao mudar de posição. Em casos de cálculo renal, a dor é aguda e intensa (cólica), podendo irradiar para o abdômen e a virilha. A dor também pode ser um sintoma urêmico, ou seja, relacionada ao acúmulo de toxinas no corpo.
Quais outros sintomas merecem atenção?
Com o avanço da disfunção renal, o acúmulo de toxinas no sangue (uremia) pode provocar uma série de outros sinais pelo corpo. Sintomas urêmicos comuns incluem cansaço, perda de apetite, coceira persistente, náuseas, dor e sensações de formigamento.
Pele seca e coceira
O desequilíbrio de minerais e nutrientes no sangue, causado pela falha renal, pode levar a uma pele extremamente seca e com coceira intensa e persistente. A coceira persistente é um sintoma comum relacionado à uremia.
Alterações no apetite e paladar metálico
Muitas pessoas com doença renal avançada relatam perda de apetite e uma sensação de gosto metálico na boca. Isso ocorre devido ao acúmulo de ureia e outras substâncias tóxicas na corrente sanguínea. A perda de apetite é um sintoma urêmico frequentemente observado.
Pressão arterial elevada
A hipertensão arterial pode ser tanto uma causa quanto uma consequência da doença renal. Rins doentes perdem a capacidade de regular a pressão, criando um ciclo perigoso. Por isso, a pressão alta de difícil controle sempre deve ser um sinal de alerta para investigar a saúde renal. Além disso, mesmo pacientes com doença renal crônica leve ou moderada, sem diagnóstico formal de diabetes, mas com a média de açúcar no sangue (HbA1c) elevada, possuem um risco 16% maior de sofrerem eventos cardiovasculares graves, como infarto e AVC.
Náuseas e vômitos
O acúmulo de toxinas no sangue também pode irritar o estômago, causando náuseas matinais e vômitos frequentes, o que contribui para a perda de peso não intencional. As náuseas são um sintoma comum da uremia.
Quais são as principais causas e fatores de risco?
As duas principais causas de doença renal crônica no Brasil e no mundo são a hipertensão arterial e o diabetes. Segundo o Ministério da Saúde, o controle inadequado dessas condições é responsável pela maioria dos casos que evoluem para a necessidade de diálise.
Outros fatores de risco incluem:
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Histórico familiar de doença renal.
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Idade avançada.
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Uso indiscriminado de medicamentos anti-inflamatórios.
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Infecções urinárias de repetição.
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Cálculos renais.
Quando é o momento de procurar um médico?
Não espere que os sintomas se tornem graves. A doença renal crônica é progressiva e o diagnóstico precoce é a melhor forma de retardar sua evolução. A investigação de sintomas é essencial para diagnosticar e gerenciar essa condição de longo prazo que afeta a função renal. Procure um clínico geral ou um nefrologista se você apresentar um ou mais dos sintomas mencionados, especialmente se pertencer a um grupo de risco.
Sinais como sangue na urina, dor lombar intensa acompanhada de febre ou diminuição súbita do volume urinário exigem avaliação médica imediata.
Como o diagnóstico é confirmado?
A investigação de problemas renais é simples e eficaz. O médico irá solicitar exames básicos de sangue e urina para avaliar a função dos rins.
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Exame de sangue: a dosagem de creatinina e ureia no sangue indica a capacidade de filtragem dos rins. Níveis elevados sugerem disfunção.
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Exame de urina (EAS ou Urina tipo 1): analisa a presença de proteínas, sangue e outras alterações que podem sinalizar uma lesão renal.
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Ultrassonografia dos rins e vias urinárias: um exame de imagem que avalia a estrutura e o tamanho dos rins, além de detectar cistos, tumores ou obstruções.
Quando há suspeita de doença renal crônica, os médicos também podem utilizar um teste não invasivo para medir uma molécula chamada KIM-1 no sangue. Este teste ajuda a avaliar a gravidade da lesão interna nos túbulos renais e o risco de o paciente progredir para a falência renal.
Com base nesses resultados, o especialista poderá confirmar o diagnóstico e indicar o tratamento mais adequado para preservar a função renal e garantir sua qualidade de vida.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.



