Oncologia

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O que é leucemia no sangue​? Veja os sintomas e tipos

Entenda o que é leucemia, um tipo de câncer que afeta o sangue e a medula óssea. Conheça os principais sintomas, os tipos e como é feito o diagnóstico.
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Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 01/12/2025

Entenda como a doença se desenvolve na medula óssea, quais os tipos existentes e os sintomas que exigem atenção médica imediata.

Um cansaço que não passa, mesmo após uma boa noite de sono. Ou talvez uma mancha roxa que apareceu na pele sem uma pancada ou motivo aparente. Esses sinais, muitas vezes ignorados, podem ser os primeiros indícios de uma alteração importante no sangue, como a leucemia.

O que exatamente é a leucemia?

A leucemia é um câncer que afeta os glóbulos brancos, também conhecidos como leucócitos. Mais amplamente, a leucemia é um tipo de câncer que pode se originar nas células do sangue, no sistema linfático ou diretamente na medula óssea. A doença começa na medula óssea, uma estrutura esponjosa localizada no interior dos ossos, que funciona como uma fábrica de células sanguíneas.

Em condições normais, a medula óssea produz células-tronco que se desenvolvem e se tornam células maduras: glóbulos vermelhos (para transportar oxigênio), glóbulos brancos (para combater infecções) e plaquetas (para coagular o sangue).

Na leucemia, uma mutação genética ocorre em uma dessas células-tronco. A leucemia, especialmente a linfoblástica aguda, manifesta-se pela presença de células anormais (leucêmicas) na medula óssea, o que compromete a produção normal de outras células do sangue. 

Essa célula alterada passa a se multiplicar de forma rápida e descontrolada, gerando clones doentes que não amadurecem e não conseguem exercer suas funções corretamente.

É importante notar que essas células doentes podem transformar a medula óssea em um ambiente de "porto seguro". Nesse local, elas se protegem do tratamento e atrapalham a produção de células sanguíneas saudáveis.

Como a leucemia afeta o corpo?

As células leucêmicas, chamadas de blastos, acumulam-se na medula óssea e na corrente sanguínea. Esse acúmulo atrapalha a produção das células saudáveis, gerando uma série de consequências para o organismo.

A queda dos glóbulos vermelhos e a anemia

Com menos espaço para produzir glóbulos vermelhos, o corpo sofre com a falta de oxigenação. Isso resulta em anemia, cujos sintomas mais comuns são fadiga intensa, palidez, falta de ar e fraqueza.

A falha na defesa: glóbulos brancos e infecções

Embora a leucemia seja um câncer de glóbulos brancos, as células doentes são disfuncionais. Assim, o número de leucócitos saudáveis diminui, deixando o sistema imunológico fragilizado e o corpo mais suscetível a infecções frequentes ou que demoram a curar.

A dificuldade de coagulação e as plaquetas

A produção reduzida de plaquetas compromete a capacidade de coagulação do sangue. Por isso, é comum o aparecimento de hematomas (manchas roxas) sem causa aparente, sangramentos no nariz ou gengiva e petéquias, que são pequenos pontos vermelhos ou arroxeados na pele.

Quais são os principais tipos de leucemia?

A leucemia é classificada com base em dois critérios principais: a velocidade com que a doença progride e o tipo de célula sanguínea afetada. Essa distinção é fundamental para definir o tratamento mais adequado.

Leucemias agudas x leucemias crônicas

As leucemias agudas se desenvolvem rapidamente a partir de células muito jovens (blastos) e os sintomas costumam aparecer de forma súbita, exigindo tratamento imediato. Já as leucemias crônicas progridem lentamente, pois as células doentes ainda conseguem realizar parte de suas funções, e os sintomas podem levar meses ou anos para se manifestar.

Leucemias mieloides x leucemias linfoides

A classificação também depende da linhagem celular que sofreu a mutação. Se a alteração ocorreu na linhagem linfoide (que dá origem aos linfócitos), a leucemia é chamada de linfoide ou linfocítica. Se ocorreu na linhagem mieloide (que origina os demais glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas), é classificada como mieloide ou mieloblástica.

A combinação desses critérios gera os quatro tipos mais comuns de leucemia:

Leucemia Mieloide Aguda (LMA): a compreensão científica da doença tem avançado significativamente com o estudo de sua biologia e estrutura genética.

Leucemia Mieloide Crônica (LMC): distingue-se fundamentalmente pela presença do cromossomo Philadelphia (resultado da translocação entre os cromossomos 9 e 22), que gera o gene de fusão BCR::ABL1. 

Esta anomalia produz uma proteína que induz a proliferação descontrolada de células mieloides, tornando a LMC a doença modelo para o sucesso das terapias-alvo (inibidores de tirosina quinase).

Leucemia Linfoide Aguda (LLA): a leucemia linfoide aguda de células B (LLA-B), por exemplo, é o tipo de câncer de sangue mais comum em crianças, sendo caracterizada por alterações genéticas específicas.

Leucemia Linfoide Crônica (LLC): é o tipo de leucemia mais frequente em adultos no mundo ocidental. Caracteriza-se pelo acúmulo lento e progressivo de linfócitos B funcionalmente incompetentes na medula óssea e no sangue. 

O curso clínico é muito variável, sendo fortemente influenciado por marcadores biológicos e mutações genéticas (como o status mutacional de IGHV e deleções cromossômicas).

Quais são os primeiros sinais e sintomas de leucemia?

Os sintomas da leucemia podem ser vagos e facilmente confundidos com outras condições. Contudo, a persistência e a combinação deles devem servir de alerta. Os principais incluem:

  • Fadiga extrema e fraqueza persistente

  • Febre ou calafrios sem causa aparente

  • Infecções recorrentes ou graves

  • Perda de peso não intencional

  • Gânglios linfáticos inchados, especialmente no pescoço e axilas

  • Fígado ou baço aumentados

  • Sangramentos (nariz, gengiva) e hematomas que surgem com facilidade

  • Pequenos pontos vermelhos na pele (petéquias)

  • Suores noturnos intensos

  • Dores nos ossos e articulações

O que causa a leucemia?

Na maioria dos casos, não é possível determinar uma causa exata para a leucemia. A doença surge de uma mutação genética em uma célula da medula óssea, mas o que desencadeia essa mutação ainda é objeto de estudo. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), alguns fatores de risco podem aumentar a probabilidade de desenvolver a doença. Entre eles estão:

  • Exposição a altos níveis de radiação

  • Exposição prolongada a certas substâncias químicas, como o benzeno

  • Tabagismo

  • Tratamentos prévios com quimioterapia ou radioterapia

  • Algumas síndromes genéticas, como a Síndrome de Down

  • Histórico familiar de leucemia

Vale ressaltar que ter um fator de risco não significa que a pessoa desenvolverá leucemia. Muitas pessoas com a doença não apresentam nenhum desses fatores.

Como é feito o diagnóstico da leucemia?

A suspeita de leucemia geralmente começa com alterações em um exame de sangue de rotina, o hemograma completo. Se os resultados mostrarem um número anormalmente alto ou baixo de glóbulos brancos, ou a presença de células imaturas (blastos), o médico solicitará investigações mais aprofundadas.

O exame confirmatório é o mielograma, que consiste na análise de uma amostra da medula óssea. Em alguns casos, pode ser necessária uma biópsia da medula óssea. Testes genéticos e moleculares também são realizados para identificar o tipo exato de leucemia e guiar o tratamento.

A leucemia no sangue tem cura?

Sim, as chances de cura e controle da leucemia têm aumentado significativamente com o avanço da medicina. O tratamento varia conforme o tipo de leucemia, a idade do paciente e seu estado geral de saúde. As opções podem incluir quimioterapia, terapia-alvo, imunoterapia e transplante de células-tronco hematopoiéticas (conhecido como transplante de medula óssea).

O prognóstico é mais favorável para alguns tipos, como a Leucemia Linfóide Aguda em crianças. O acompanhamento com um médico hematologista é crucial para definir a melhor estratégia terapêutica e monitorar a resposta ao tratamento.

Quando devo procurar um médico?

É fundamental procurar avaliação médica se você ou alguém próximo apresentar um ou mais dos sintomas mencionados de forma persistente. Não ignore sinais como cansaço extremo, hematomas inexplicáveis ou infecções que não melhoram.

Um diagnóstico precoce aumenta consideravelmente as chances de sucesso no tratamento. Converse com um clínico geral ou procure diretamente um hematologista para uma investigação adequada.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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