Entenda como o câncer de glândulas pode se espalhar para outras partes do corpo e conheça as abordagens terapêuticas disponíveis.

Resumo:

• Metástase de adenocarcinoma é a disseminação de um câncer originado em tecidos glandulares para outras áreas do corpo.

• Ocorre quando células cancerígenas se desprendem do tumor original e viajam pela corrente sanguínea ou sistema linfático.

• Os locais mais comuns de metástase incluem pulmões, fígado, ossos e cérebro.

• Os sintomas variam conforme o órgão afetado e podem incluir dor, falta de ar, fadiga e alterações neurológicas.

• O tratamento foca em abordagens sistêmicas, como quimioterapia e terapia-alvo, para controlar a doença e melhorar a qualidade de vida.

Receber o diagnóstico de câncer é um momento de muitas incertezas. Quando o médico menciona a palavra "metástase", um novo turbilhão de dúvidas e medos pode surgir. Compreender o que esse termo realmente significa é o primeiro passo para lidar com a nova fase da jornada de tratamento.

O que é exatamente a metástase de adenocarcinoma?

A metástase de adenocarcinoma é um processo que indica um estágio avançado da doença. De forma simples, significa que o câncer, que começou em um tecido glandular de um órgão, se espalhou para outras partes do corpo, formando novos tumores, conhecidos como tumores secundários ou metastáticos.

No caso específico do adenocarcinoma de pâncreas, a metástase ocorre com maior frequência em órgãos como o fígado, pulmões, ossos e cérebro. É fundamental entender que, mesmo que um adenocarcinoma de pulmão se espalhe para o cérebro, ele continua sendo um câncer de pulmão. As células no cérebro são células de adenocarcinoma pulmonar, e o tratamento será direcionado com base nessa origem.

A diferença entre adenocarcinoma e outros tipos de câncer

O termo "câncer" é muito amplo. "Carcinoma" é um tipo de câncer que se origina em células epiteliais, que revestem órgãos e estruturas do corpo. O adenocarcinoma é um subtipo específico de carcinoma que se desenvolve nas células epiteliais de glândulas, responsáveis pela produção de secreções como muco ou fluidos.

Assim, adenocarcinomas podem surgir em diversos órgãos, incluindo pulmão, pâncreas, mama, próstata, estômago e cólon. A capacidade de metastatizar é uma característica de tumores malignos como este.

Como a metástase acontece?

O processo de metástase é complexo. As células cancerígenas do tumor primário adquirem a capacidade de se desprender, invadir tecidos vizinhos e entrar em "estradas" do corpo. As duas principais vias de disseminação são:

• Corrente sanguínea (via hematogênica): as células viajam pelos vasos sanguíneos até se alojarem em um novo órgão.

• Sistema linfático (via linfática): as células entram nos vasos linfáticos e podem se instalar primeiro nos gânglios linfáticos (linfonodos) e, a partir daí, alcançar outros órgãos.

Estudos indicam que um gene chamado MYC pode acelerar a metástase do adenocarcinoma de pâncreas. Ele faz isso atraindo células imunes, conhecidas como macrófagos, que auxiliam o câncer a se espalhar. Outro mecanismo observado é a proteína FOXA3, que impulsiona a produção de colesterol pelas células do adenocarcinoma de pulmão, ajudando na metástase.

A pesquisa sugere que inibir a FOXA3, por exemplo, com uma substância como o magnolol, pode frear a disseminação da doença. Nem toda célula que se desprende consegue formar uma metástase. É uma jornada desafiadora para a célula tumoral, que precisa sobreviver no novo ambiente e se multiplicar para formar um novo tumor.

Que sintomas podem indicar a metástase?

Os sinais da metástase dependem diretamente dos órgãos que foram afetados. Além dos sintomas gerais da doença, como cansaço, perda de peso inexplicada e falta de apetite, podem surgir manifestações específicas.

Sintomas gerais da doença avançada

A progressão do câncer consome muita energia do corpo. Por isso, a fadiga intensa é um dos sintomas mais relatados. A dor também pode se tornar mais presente, necessitando de manejo específico pela equipe de saúde.

Sinais específicos dependendo do órgão afetado

• Nos ossos: dor óssea persistente, que pode piorar à noite, e fraturas que ocorrem com traumas mínimos ou mesmo espontaneamente.

• No fígado: dor no lado direito do abdômen, inchaço abdominal (ascite), pele e olhos amarelados (icterícia) e perda de apetite.

• Nos pulmões: tosse persistente, falta de ar, dor no peito e tosse com sangue (hemoptise).

• No cérebro: dores de cabeça, tontura, convulsões, fraqueza em um lado do corpo, alterações de visão ou fala e mudanças de comportamento.

É crucial relatar qualquer sintoma novo ou diferente ao seu médico. A identificação precoce permite um manejo mais eficaz para aliviar o desconforto e melhorar a qualidade de vida.

Como o diagnóstico de metástase é confirmado?

Quando há suspeita de metástase, o médico oncologista solicita exames para confirmar a disseminação e mapear sua extensão. O diagnóstico geralmente envolve uma combinação de abordagens.

Exames de imagem como Tomografia Computadorizada (TC), Ressonância Magnética (RM) e PET-CT são ferramentas essenciais para visualizar órgãos internos e detectar tumores secundários. Em muitos casos, uma biópsia da lesão suspeita pode ser necessária para confirmar que se trata de uma metástase do adenocarcinoma original.

Quais são as abordagens de tratamento para o adenocarcinoma metastático?

Quando o adenocarcinoma se torna metastático, o foco do tratamento muda. Em vez de visar a cura eliminando um tumor localizado, o objetivo principal passa a ser o controle da doença em todo o corpo, o alívio dos sintomas e a manutenção da qualidade de vida pelo maior tempo possível. O tratamento se torna sistêmico, ou seja, age no corpo inteiro.

Quimioterapia

A quimioterapia utiliza medicamentos que destroem células de rápido crescimento, como as células cancerígenas. Ela circula por todo o corpo e pode ser administrada por via venosa ou oral, sendo uma das bases do tratamento para a doença metastática.

Terapia-alvo e Imunoterapia

Essas são abordagens mais modernas e personalizadas. A terapia-alvo utiliza medicamentos que atacam vulnerabilidades específicas das células tumorais, baseadas em suas alterações genéticas. A imunoterapia, por sua vez, estimula o próprio sistema imunológico do paciente a reconhecer e combater o câncer.

Especificamente para o adenocarcinoma de pâncreas metastático, as imunoterapias buscam superar os mecanismos que suprimem o sistema imunológico, permitindo que o corpo combata a progressão da doença. A indicação de terapias-alvo ou imunoterapia depende de testes moleculares realizados no tumor.

Radioterapia

Embora o tratamento principal seja sistêmico, a radioterapia ainda tem um papel importante. Ela pode ser usada de forma paliativa para tratar metástases específicas que causam dor (como uma lesão óssea) ou sintomas neurológicos (no cérebro), proporcionando alívio rápido e localizado.

Cuidados paliativos e de suporte

Os cuidados paliativos são fundamentais em qualquer fase do câncer, mas especialmente na doença avançada. Uma equipe multidisciplinar trabalha para manejar a dor, a fadiga, a náusea e os aspectos emocionais e psicológicos, garantindo o máximo de bem-estar ao paciente e sua família.

Adenocarcinoma metastático tem cura?

Esta é, compreensivelmente, uma das perguntas mais difíceis e urgentes. Na maioria dos casos, o adenocarcinoma metastático não é considerado curável no sentido de erradicar completamente a doença. No entanto, é muito importante entender que "incurável" não significa "intratável".

Graças aos avanços da medicina, o adenocarcinoma metastático é cada vez mais tratado como uma doença crônica. Os tratamentos atuais podem controlar o avanço do câncer por meses ou até anos, com uma qualidade de vida significativamente melhor. O objetivo é transformar uma condição de rápida progressão em uma doença gerenciável, permitindo que os pacientes vivam mais e melhor.

A jornada com um diagnóstico de metástase é desafiadora, mas você não está sozinho. Converse abertamente com sua equipe de saúde, tire todas as suas dúvidas e participe ativamente das decisões sobre seu tratamento.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.