Ginecologia e Obstetricia

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Formas de transmissão da gonorreia: riscos e prevenção

Descubra como a gonorreia é transmitida, incluindo genitais, reto e garganta, além da transmissão mãe-bebê. Entenda os riscos e a importância da prevenção e testagem.
EL
Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 01/12/2025

Entender como a bactéria se espalha é fundamental para uma vida sexual mais segura e consciente, protegendo a si mesmo e a seus parceiros.

Um desconforto ao urinar ou uma secreção incomum pode acender um sinal de alerta e gerar muitas dúvidas. A gonorreia, uma infecção sexualmente transmissível (IST) comum, é frequentemente cercada por incertezas, especialmente sobre como ela é realmente contraída. Compreender suas formas de transmissão é fundamental para desmistificar o assunto e adotar práticas de prevenção eficazes.

O que é gonorreia e por que entender sua transmissão é crucial?

A gonorreia é uma infecção causada pela bactéria *Neisseria gonorrhoeae*. Ela pode afetar as mucosas de diversas partes do corpo, como a região genital, o reto e a garganta (orofaringe), e muitas vezes não causa sintomas. (Rowley et al., 2019; Whelan et al., 2021)

Conhecer os mecanismos de contágio é o pilar da prevenção. Saber exatamente quais práticas oferecem risco permite que indivíduos sexualmente ativos tomem decisões informadas para proteger a si mesmos e a seus parceiros, quebrando o ciclo de infecção.

Quais são as principais formas de transmissão da gonorreia?

A bactéria causadora da gonorreia é transmitida principalmente pelo contato sexual. (Yaesoubi et al., 2022) Isso ocorre predominantemente durante a atividade sexual, mas também existe outra via importante de contágio.

Relação sexual desprotegida: a via mais comum

Esta é, de longe, a forma mais frequente de transmissão. A gonorreia se transmite principalmente através do contato sexual, sendo a sua incidência particularmente alta entre homens que fazem sexo com homens. (Yaesoubi et al., 2022) A bactéria pode ser passada de uma pessoa para outra durante qualquer tipo de relação sexual sem o uso de preservativo (camisinha masculina ou feminina).

  • Sexo vaginal: o contato do pênis com a vagina ou vice-versa permite a troca de fluidos e o contato direto de mucosas infectadas.

  • Sexo anal: a mucosa retal é particularmente sensível e suscetível à infecção, tornando o sexo anal desprotegido uma prática de alto risco. A gonorreia na uretra pode ser transmitida por contato retal, e a gonorreia anal também pode ser adquirida pelo uso de saliva como lubrificante no sexo anal e no rimming. (Cornelisse et al., 2018; Chow & Fairley, 2019)

  • Sexo oral: a bactéria pode infectar a garganta ao entrar em contato com o pênis, a vagina ou o ânus de uma pessoa infectada. Há evidências de que a gonorreia na uretra pode ser transmitida pelo contato oral. (Cornelisse et al., 2018)

Vale dizer que a transmissão pode acontecer mesmo que não haja ejaculação ou penetração completa. O simples contato entre as mucosas genitais já é suficiente para o contágio.

Transmissão vertical: da mãe para o bebê

Uma gestante com gonorreia pode transmitir a bactéria para o seu bebê durante a gravidez ou o parto vaginal. (Rowley et al., 2019) Essa forma de contágio, conhecida como transmissão vertical, pode causar uma infecção ocular grave no recém-nascido, chamada de oftalmia neonatal. Por isso, o acompanhamento pré-natal e a testagem para ISTs são essenciais durante a gravidez.

A gonorreia pode ser transmitida sem relação sexual?

Muitos mitos cercam a transmissão de ISTs, gerando ansiedade e desinformação. É importante esclarecer o que não representa um risco para o contágio da gonorreia.

Beijos, abraços e contatos cotidianos

Contatos sociais comuns, como abraços, apertos de mão ou o compartilhamento de utensílios como copos e talheres, geralmente não espalham a bactéria da gonorreia. No entanto, é importante saber que a gonorreia na garganta pode, em alguns casos, ser transmitida através do beijo profundo. (Chow & Fairley, 2019)

Uso de banheiros, toalhas ou roupas

A bactéria *Neisseria gonorrhoeae* é frágil e não sobrevive por muito tempo fora do corpo humano, especialmente em superfícies como assentos de vasos sanitários. Portanto, não há risco significativo de contrair gonorreia ao usar um banheiro público, compartilhar toalhas ou roupas com uma pessoa infectada.

Objetos e brinquedos sexuais compartilhados

Aqui, o cuidado é necessário. Embora menos comum, a transmissão por meio de brinquedos sexuais compartilhados é possível se não houver higienização adequada entre o uso por pessoas diferentes. A recomendação é sempre lavar os objetos com água e sabão ou cobri-los com um novo preservativo a cada uso.

É possível transmitir gonorreia mesmo sem sintomas?

Sim, e este é um dos maiores desafios no controle da infecção. Muitas pessoas infectadas com gonorreia são assintomáticas, ou seja, não apresentam sinais ou sintomas claros da doença. Isso é especialmente comum em mulheres e na infecção da garganta e do reto. (Whelan et al., 2021)

Uma pessoa assintomática pode não saber que está infectada e, consequentemente, transmitir a bactéria para seus parceiros sexuais sem ter consciência do risco. Essa característica reforça a importância da testagem regular para quem é sexualmente ativo, mesmo na ausência de sintomas.

O que fazer em caso de suspeita de contaminação?

Ao notar qualquer sintoma suspeito ou se você teve uma relação sexual desprotegida, o passo mais importante é procurar atendimento médico. Um ginecologista, urologista ou infectologista poderá solicitar os exames necessários para confirmar o diagnóstico.

É fundamental não se automedicar. O tratamento inadequado pode mascarar os sintomas, levar a complicações graves e contribuir para o desenvolvimento de resistência da bactéria aos antibióticos. Caso o diagnóstico seja confirmado, é crucial comunicar e orientar suas parcerias sexuais a também buscarem avaliação e tratamento.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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