Entenda as causas comuns, de alterações hormonais a dores musculares, e saiba identificar os sinais de alerta que exigem avaliação médica.

Aquela pontada persistente na mama esquerda, que às vezes parece viajar até as costas, acende um sinal de alerta imediato em muitas mulheres. A preocupação é compreensível, mas é fundamental saber que, na maioria das vezes, a causa desse desconforto não está relacionada a problemas graves na mama.

A região do tórax é uma estrutura complexa, com músculos, ossos, nervos e órgãos vitais muito próximos. Por isso, uma dor sentida na mama pode ter origem em diversas outras partes do corpo.

Afinal, o que pode causar dor na mama esquerda e nas costas?

A dor que une a mama esquerda e as costas pode ser dividida em duas categorias principais: causas mamárias, que se originam no próprio seio, e causas extramamárias, cuja origem está fora do tecido mamário. Surpreendentemente, as causas extramamárias são bastante frequentes.

Quais são as causas extramamárias mais comuns?

Muitas vezes, a dor sentida na mama é, na verdade, um reflexo de problemas em estruturas vizinhas. O desconforto pode ser projetado para a frente, dando a falsa impressão de um problema mamário. É comum que a mastalgia, ou dor na mama, tenha origem fora da mama, sendo causada por dores nos músculos e ossos que apenas simulam o desconforto mamário, explicando casos em que a dor se estende para as costas.

Dores musculares e esqueléticas

Problemas no sistema musculoesquelético são os principais responsáveis pela dor torácica que irradia para as costas. Entre as causas mais comuns estão:

• Tensão muscular: esforço excessivo, má postura ao sentar ou dormir e até mesmo o estresse podem causar contraturas nos músculos do peito (peitorais) ou das costas, gerando uma dor que se espalha pela região.

• Costocondrite: consiste na inflamação da cartilagem que une as costelas ao osso esterno, no centro do peito. A dor pode ser aguda, piorar com a respiração profunda e ser sentida na mama.

• Problemas na coluna: condições como hérnia de disco ou artrose na coluna torácica podem comprimir nervos, causando uma dor irradiada que contorna o tórax e é percebida na frente, na área mamária.

Condições cardíacas e pulmonares

Embora menos comuns, causas cardíacas devem ser consideradas, especialmente se a dor tiver características específicas. A dor do infarto ou da angina, por exemplo, é tipicamente descrita como um aperto ou pressão no peito, que pode irradiar para o braço esquerdo e para as costas. Este quadro é uma emergência médica.

Problemas pulmonares, como pneumonia ou embolia, também podem causar dor no peito que piora ao respirar e pode ser sentida nas costas, geralmente acompanhada de falta de ar.

E as causas diretamente relacionadas às mamas?

Quando a dor se origina de fato no tecido mamário, ela é chamada de mastalgia. Geralmente, está associada a fatores benignos que respondem bem a tratamentos simples.

Alterações hormonais cíclicas e não cíclicas

As flutuações hormonais são a causa mais comum de dor nas mamas. A mastalgia cíclica é a forma mais frequente de dor mamária, ocorrendo em sintonia com o ciclo menstrual e geralmente se intensificando nos dias que antecedem a menstruação devido ao aumento de estrogênio e progesterona. 

Embora seja geralmente benigna, essa dor pode se espalhar para ambas as mamas, atingindo também as axilas e braços, o que frequentemente causa ansiedade e preocupação com câncer.

Essa dor e tensão mamária está frequentemente ligada a um desequilíbrio hormonal, onde o estrogênio está alto em relação à progesterona durante a segunda metade do ciclo menstrual, condição conhecida como doença fibrocística.

Já a mastalgia não cíclica não tem relação com o ciclo e pode ser causada por gravidez, amamentação, menopausa ou uso de certos medicamentos.

Condições benignas da mama

Outras situações que podem causar dor incluem:

• Cistos mamários: são bolsas cheias de líquido que podem se tornar dolorosas, especialmente se crescerem rapidamente.

• Mastite: é uma infecção do tecido mamário, mais comum durante a amamentação, que causa dor intensa, vermelhidão, inchaço e febre.

• Traumas: uma pancada na região pode deixar a área dolorida por dias ou semanas.

Além disso, um sutiã inadequado, que não oferece o suporte correto, pode sobrecarregar os ligamentos da mama, resultando em dor, principalmente em mulheres com seios maiores. A dor severa na mama também pode estar associada a fatores estruturais e de estilo de vida, como obesidade (com Índice de Massa Corporal acima de 30) e seios flácidos. Estas são consideradas causas benignas, mas que podem estirar os ligamentos mamários e levar à irradiação da dor.

A dor na mama pode ser um sinal de câncer?

Esta é a principal preocupação de quem enfrenta esse sintoma. A resposta é que a dor, de forma isolada, raramente é o primeiro sinal de câncer de mama. O sintoma inicial mais comum do câncer de mama é a presença de um nódulo (caroço) indolor, geralmente percebido no autoexame ou em exames de imagem.

A dor pode estar associada a tipos específicos de tumores, como o câncer de mama inflamatório, que também causa inchaço e vermelhidão na pele, ou em casos de tumores já em estágio avançado. 

Portanto, embora não seja o sintoma mais comum, qualquer dor persistente deve ser investigada por um especialista, especialmente se houver histórico familiar de câncer de mama. Nesses casos, a investigação da dor na mama deve ser atenta, pois esse fator está associado a quase o dobro da chance de ter mastalgia.

Quando a dor na mama e nas costas é um sinal de alerta?

É fundamental procurar atendimento médico imediato, preferencialmente em um pronto-socorro, se a dor vier acompanhada dos seguintes sinais:

• Dor súbita, muito intensa, com sensação de aperto ou pressão no peito.

• Irradiação da dor para o braço esquerdo, ombros ou mandíbula.

• Falta de ar, suores frios, náuseas ou tontura.

• Presença de um nódulo ou caroço na mama ou na axila.

• Alterações visíveis na pele da mama, como vermelhidão, retração ou aspecto de "casca de laranja".

• Alterações no mamilo, como retração (afundamento) ou saída de secreção com sangue.

• Febre associada à dor, inchaço e vermelhidão na mama.

Qual profissional procurar e como é feito o diagnóstico?

Para investigar uma dor na mama, o ideal é procurar um ginecologista ou mastologista. O profissional realizará uma conversa detalhada (anamnese) para entender as características da dor e fará um exame físico completo das mamas e da região torácica.

Dependendo da suspeita, podem ser solicitados exames de imagem, como mamografia ou ultrassonografia mamária. Se a suspeita for de origem cardíaca ou musculoesquelética, outros exames, como um eletrocardiograma ou uma avaliação ortopédica, podem ser necessários. O importante é não adiar a consulta, pois apenas um diagnóstico preciso pode garantir o tratamento correto e a sua tranquilidade.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.